domingo, 8 de fevereiro de 2015

PATINHO QUERERÉ E O GATO PITOMBO Martha Lívia Volpe orlov

PATINHO QUERERÉ E O GATO PITOMBO

Martha Lívia Volpe Orlov
                                                           Esta estória é dedicada ao meu netinho Luca.
                                                           Luca, o mundo está melhor porque você nasceu!


Patinho Quereré nasceu, isto é, saiu do ovo, perto da lagoa.

O ninho era macio, quentinho. Patinho saiu e foi ficando por lá, olhando ao redor. Outros patinhos foram saindo dos ovos. Ao todo sete.

Mamãe pata ficou lá, recepcionando seus filhinhos recém-nascidos.

Quando todos saíram ela falou: este é o nosso mundo, olhem tudo por aí e vão aprendendo; sejam bem-vindos à fazenda, onde moramos.

Os patinhos foram aos poucos dando os primeiros passinhos fora do ninho e olhando tudo ao redor. Quereré olhava seus irmãos e ia crescendo; mas seus irmãos olhavam de modo estranho para ele; ele não sabia por quê.

Um dia mamãe pata achou que já era hora de aprender a nadar na lagoa. E lá foram eles em fila, atrás da mamãe.

Quando chegaram, um por um chegava até a beirada da água e mamãe batia as asas na água para que se molhassem e perdessem o medo.

Eles se olhavam no espelho d´água e admiravam sua própria figura. Chegou a vez de Quererá e ele levou um susto: ele não era branco como seus irmãos; era pretinho, bem pretinho, inteirinho preto.

Além do susto, a questão: porque só ele era preto, se seus irmãos eram brancos? Foi ficando isolado dos irmãos, perguntou à mamãe e ela disse que ele era apenas diferente.
Mas Quereré não conseguia ficar junto de seus irmãos, sentindo-se diferente. Ficava sempre de lado, olhando tudo e um pouco triste.

 Não brincava na água, espalhando pingos de todo lado como os outros patinhos e outros patos da fazendo. Não nadava alegre como seus irmãos.

E assim foi ficando calado e triste.

Do outro lado da fazenda havia uma ninhada de gatinhos que também iam crescendo.

Todos brincavam muito, rolavam pelo chão, subiam nos arbustos, eram muito alegres, menos um deles, o Pitombo.

Pitombo não brincava como os outros. Ele era branco e gordinho demais; seus irmãos eram mais magros e pretinhos; também olhavam para ele de modo estranho. E assim foi ficando de lado, calado e triste.

Não é que um dia se encontraram Quereré e Pitombo?

Olharam-se e sentiram que tinham alguma coisa em comum: eram calados e tristes e não brincavam com seus irmãos. Mas se deram bem e começaram a brincar: imaginem só: um patinho preto e um gatinho branco gorducho.

Aos poucos as coisas foram mudando: ao brincarem juntos deixaram de lado a mudez e a tristeza. Seus irmãos começaram a olhar para eles com simpatia. Alegres começaram a se enturmar uns com os outros, e a vida seguiu normalmente. 

Um final feliz porque as diferenças se harmonizaram: patinho preto e gatinho branco gorducho; patinho preto com patinhos brancos; gatinho gordo com gatinhos magros.

Diferentes e diferenças! E o mundo inteiro não é assim?

                                                           *   *   *   *

Proposta aos professores: trabalhar o respeito aos diferentes, de acordo com os parâmetros curriculares sugeridos pelo MEC. 

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