quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015



MACAQUINHO PETELECO
ONDE ESTÁ O RECO-RECO?

                                                        Martha Lívia Volpe Orlov    

Nesta noite enluarada,

Acontece um julgamento,

No profundo da floresta!
A macacada suspendeu
Sua festa de arromba.
Só porque o Teco-Teco
Não achou seu reco-reco,
Que emprestou ao amigo,
Macaquinho Peteleco.
  
Macaquinho peteleco,
                   Onde está o reco-reco?
 Peteleco está confuso
E não acha o reco-reco!

Macaco pra cá!
Macaco pra lá!
 No oco da floresta!
A noite era de samba,
E acabou em julgamento;
Pois não é que o Teco-Teco
Acusou o Peteleco
De roubar seu reco-reco?

Cada macaco no seu galho,
Começou o julgamento!

Gritos                        Vaias            Assobios

        

Rabadas                     Chiados                Cusparadas             


                            Piparotes                               Cambalhotas


E a macacada se enreda
Numa grande confusão,
Num enorme barulhão!

 Teco-Teco se entristece.
Emprestou o reco-reco
Pr’aquela noite de samba,
Onde até a madrugada,
Reinaria a alegria,
Dançaria e cantaria,
A macacada animada!

Que confusão agora!
Só porque o Peteleco
Não sabe do reco-reco
Do amigo Teco-Teco.

Peteleco está confuso,
Pois sumiu o reco-reco,
Acha mesmo que é feitiço,
Tem medo de assombração!


Ninguém se conforma!
Mais parece embromação,
Inda mais que a noite é linda,
E a Lua redondinha
Arrepia a floresta inteira,
Credo, não acho isto bom!

Lua tão iluminada,
Dava até prá ver o dragão,
São Jorge com a espada na mão!


Peteleco não se explica,
Não sabe o que aconteceu:
Só se lembra de uma zonzeira
Quando a Lua apareceu.
E quando voltou do susto,
O reco-reco? Desapareceu.


O julgamento continua:
A macacada assanhada,
Toma partido, interfere,
Aposta, dá sentença
Pro infeliz Peteleco
Que perdeu o reco-reco,
Do amigo Teco-Teco!

O julgamento não acaba,
Tá na maior confusão,
Já vai alta a madrugada.
Só então a macacada
Percebe que é noite alta
E a Lua redonda e brilhante
Passeia orgulhosa no céu.


De repente tudo pára,
Emudece a floresta inteira.
O que está acontecendo?
Que magia, qual encanto,
Aquietou toda a mata?
Não é que a danada da Lua
Tem um brilho diferente?
Com seu natural encanto
Parece que zomba da gente?
Parece que põe malícia
No seu brilho prateado.


Só então é que pasmada
Verifica a macacada
Dentro do branco da Lua
Um São Jorge diferente:
Na mão direita do santo,
Carrega ao invés da lança
O sumido reco-reco!

  
Alívio pra macacada:
Não há mais o que julgar,
Pois se São Jorge pegou
O reco-reco emprestado
Deve ter suas razões.
De certo tá muito cansado
De espetar a velha lança
Nas costas do velho dragão.
Os dois devem andar enjoados
Da briga que não tem fim.


Quem sabe agora a Lua
Vai trocar a briga por samba.
Folga toda a macacada.
Peteleco é absolvido
De qualquer acusação!


A macacada se abraça
Na maior empolgação.
E o amigo Peteleco
Vai fazer pro Teco-Teco,
Outro lindo reco-reco.




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