E O BISCUÍ?
FOI ADOTADO.
Martha Lívia Volpe Orlov
Esta estória é dedicada ao meu Neto Thomás.
Composta dentro dos parâmetros curriculares sugeridos pelo MEC, pretende estimular a adoção e o respeito aos animais domésticos. Por extensão, a metáfora aplica-se também ao respeito e à adoção de crianças
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Lembram-se do Biscuí, aquele gatinho mirrado, cinzento, com cara de
fome, que ficou amigo, ou melhor, namorado da Miloca?
Ah, a Miloca, aquela
gatinha mimada da Dona Alice, a que tem um roupão de seda cor de rosa!
Pois é, Miloca, sempre que pode, foge um pouquinho para a rua, agora que tem amigos, os da turma
do Carvão, especialmente para ver o Biscuí.
- Nossa! Minha dona, está cochilando no sofá. Não vai precisar de mim,
nem vai notar minha ausência. Vou dar um jeito, vamos lá........ na hora que a
faxineira for colocar o lixo na lixeira.......
- Oba, é agora.
Miloca não pensou
duas vezes, saiu em disparada pela escada de serviço do prédio e foi direitinho
para a morada de seus amiguinhos de rua.
- Oi turma, cheguei. Estou cansada, vim correndo enquanto minha dona
está cochilando. Oi Mimi, oi Pipoca.
- Oi Miloca, murmuraram entre dentes as duas invejosas. (Pelo menos
ela não está com aquele horrível roupão de seda cor de rosa.)
- Oi Carvão, onde estão o Biscuí e o Melado?
- Por aí, Miloca procurando comida nas latas de lixo.
A alegria de Miloca durou pouco. Ficou
penalizada com aquilo, ela comia tudo de bom, especial para ela e seus amigos
comiam restos do lixo.
Esperou um pouquinho
e eles não chegaram, ela tinha de ir embora.
- Carvão,
preciso ir embora, não quero que dona Alice perceba estas minhas fugidas. Volto
logo que puder.
- Mas o Biscuí vai ficar muito triste de saber que você veio e não
esperou por ele.
- Vou indo
Cascão, também fico triste de não ver o Melado e o Biscuí, Tchau Mimi, Tchau
Pipoca.
- Tchau Miloca, responderam um pouco mais aliviadas as invejosas
Mimi e Pipoca.
Correndo, correndo,
pela rua Miloca chegou ao prédio, esperou que a portaria estivesse vazia e
desabaladamente subiu pela escada até o segundo andar.
Chegou cansada, e a porta estava fechada.
Esperou, esperou, talvez a faxineira abrisse para alguma coisa fora. Mas
esperou e esperou e a porta não se abria.
- Miau, miau
miau! Foi o jeito. Miloca já estava com fome.
Dona Alice veio
arrastando os chinelos.
- Miloca, o que está fazendo aí fora? O que foi que aconteceu?
-Miau, miau,
miaauuuu! Ela miava se lastimando de doer o coração, por amizade Miloca tinha
virado atriz.
Dona Alice ficou
comovida e nem perguntou mais, achou que tinha sido uma distração da faxineira
e a gatinha tinha ficado presa no corredor.
Entraram e, depois de comer Miloca ficou toda encolhidinha nos
pés de Dona Alice, de vez em quando lançava uns olhares de agradecimento e se
engroscava mais aos pés da dona. Também ficou se lambendo para tirar a sujeira
da rua, antes que a dona notasse que estava toda lambuzada de fuligem e pó.
Vovó Mariana estava fazendo companhia para D. Alice, como fazia todas as tarde.
- Pois é, a Miloca me faz muita companhia, não sei o que faria sem
ela, é minha amiga fiel. Não fico nunca longe dela. E você Mariana, também
deveria arranjar um animalzinho de estimação.
Miloca ficou toda
interessada naquela conversa; como seria bom se vovó Mariana adotasse o Biscuí.
Não estava se contendo de contente.
- É, disse vovó Mariana, eu gostaria também de ter um bichinho,
também me faria companhia.
Miloca ouviu e
entendeu bem aquela conversa.. Era a oportunidade
para algum de seus amigos, talvez o Biscuí. Ficou encafifada com aquilo. Ela ia
arranjar um jeito de aparecer com Biscuí, quando vovó Mariana estivesse no
apartamento. Quando surgisse a oportunidade...
E surgiu, de novo,
no dia da faxina. Ela já havia aprendido a rotina e ficou na moita. Fugiu e
quem trouxe na volta? Adivinhe quem?
Dona Mariana, como
em todas as tardes, tinha vindo para o chá da tarde e ficou encantada com a
carinha de fome e desamparo do Biscuí. O danadinho conquistou a vovó como havia
conquistado Miloca.
Foi adotado
Felicidade para
Miloca e Biscuí. Ele conseguiu um lar e agora, já mais gordinho, limpinho e bem
alimentado, todas as tardes vem com a vovó para o chá e os dois felinos dormem
juntinhos nas almofadas, aos pés de suas donas.
Dormem, e também
namoram, mas quando as velhinhas cochilam e faxineira vacila, descem correndo
as escadarias e vão visitar seus amigos na rua. Já ficaram craques nisto.
Quem sabe seus
amigos também um dia consigam ser adotados!
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