quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

PARLENDAS trabalho com oralidade para crianças não alfatetizadas.

PARLENDAS
Pesquisa e ordenação Profª Martha Lívia Volpe Orlov
Objetivo: trabalho com oralidade, com crianças não alfabetizadas.

 Parlendas são textos em circulação nas camadas sociais mais diversas, referendado pela passagem do tempo e portador de uma sabedoria ingênua, reveladora das preocupações básicas do homem; poesia infantil de origem popular, cuja autoria desapareceu da memória coletiva e que se transmite nas classes sociais dominadas, espelhando seus interesses postergados; de conteúdo nocional duvidoso, é comum nesses textos a explicação pelo dado empírico isolado ou pelo filtro das superstições e crendices, mas é graças à sua desassombrada franqueza que deles a criança pode dar o salto para o entendimento de como a realidade é torcida pelos temores e desejos.

Caracteriza-se a parlenda pelo paralelismo construtivo, a presença forte da rima, o giro semântico ilógico e a incidência de preconceitos e temas da vida vulgar. (BORDINI, Maria da Glória -  Poesia Infantil ,São Paulo, Ática, 1986,PGS. 42/43, passim)

A parlenda tem função basicamente cognitiva, mas pode fazê-lo sem incidir no discurso referencial. Caracteriza-se por circular no universo infantil, aprendida dos pais ou babás, mas logo repetida como conquista própria, em versões mutáveis, quase como instrumento iniciatório à vida grupal. Dedicada à memorização de conhecimentos infantilmente considerados, a maior parte se relaciona à contagem, como em “Rei, capitão, soldado, ladrão.....”ou em “Um, dois, feijão com arroz.....”  (.....) ou à transmissão de regras de convívio como em “Quem cochicha / rabo espicha”. Ou ainda em “Uni – duni – tê, salamim mingüê, um sorvete colorê, uni- duni-tê”. ( Id, ibid. p. 27)

ALGUMAS PARLENDAS:

A PIPOCA
Hoje é Domingo
Cadê o toucinho que estava

Pé de cachimbo
Aqui?
Rebenta pipoca
Cachimbo é de barro
O gato comeu
Maria sororoca
Bate no jarro
Cadê o gato?
Rebenta pipoca
O jarro é de ouro
Está no mato
Que o fogo
Bate no touro
Cadê o mato?
 Já vem
O touro é valente
O fogo queimou

Bate na gente
Cadê o fogo?
Lá em cima do piano
A gente é fraco
A água apagou
Tem um copo de veneno
Cai no buraco
Cadê a água?
Quem bebeu morreu
O buraco é fundo
O boi bebeu
O culpado não foi eu
Acabou o mundo.
Cadê o boi?


O padre matou
Lá no alto daquele morro
O tempo perguntou ao tempo
Cadê o padre?
Tem um pé de mafagafo
Quanto tempo o tempo tem
Foi rezar missa
Com três mafagafinhos
O tempo respondeu ao tempo
Cadê a missa?
Quem desmagafizar
Que o tempo tem quanto tempo
A missa acabou.
Bom desmafagafizador será.
quanto tempo o tempo tem 




Outra versão:


Amanhã é Domingo
O besouro é de prata
Um, dois
Pé de cachimbo;
Que dá na mata;
Feijão com arroz
Galo monteiro
A mata é valente
Três, quatro,
Pisou na areia;
Que dá no tenente,
Feijão no prato
A areia é fina
O tenente é mofino
Cinco, seis
Que dá no sino;
Que dá no menino
Feijão inglês,.
O sino é de ouro
O menino é valente
Sete, oito
Que dá no besouro;
Que dá em toda gente.
Come biscoito


Nove, dez,


Come pasteis

TANGOROMANGO   ( TANGOLOMANGO)



Eram nove irmãs numa casa
Destas quatro, meu bem, que ficaram,
Foram fazer biscoito;
Uma foi aprender o francês;
Deu o tangoromango numa,
Deu o tangoromango nela,
Não ficaram, meu bem, senão oito
Não ficaram, meu bem, senão três.
                                                                          

Estas oito, meu bem, que ficaram
Estas três, meu bem, que ficaram,
Foram jogar os três-sete;
Foram todas correr as ruas;
Deu o tangoromango numa,
Deu o tangoromango numa,
Não ficaram, meu bem, senão sete
Não ficaram, bem, senão duas.


Estas sete, meu bem, que ficaram,
Estas duas, meu bem, que ficaram,
Foram todas jogar o xadrez;
Foram comprar uma varruma;
Deu o tangoromango numa,
Deu o tangoromango numa delas,
Não ficaram, meu bem, senão seis.
Não ficou, meu bem, senão uma.


Destas seis, meu bem, que ficaram,
Esta uma, meu bem, que ficou,
Uma foi limpar o brinco;
Foi à Igreja fazer oração;
Deu o tangoromango nela,
Deu o tangoromango nela,
Não ficaram, meu bem, senão cinco.
E acabou-se de todo a geração.


Destas cinco,meu bem, que ficaram,

Uma foi lavar um prato;

Deu o tangoromango nela,

Não ficaram, meu bem, senão quatro.


    Comentários: criança é sensível ao movimento, ao ritmo, ao som. Muitas brincadeiras podem ser feitas com elas. Por ex. esta última parlenda "Tangolomando" poderá ser lida por diversas crianças, uma estrofe cada uma. ( 9 ou mais) Pode funcionar como a dança das cadeiras,: lida a estrofe a criança deixa o círculo, até que permaneça apenas a criança da estrofe final, e depois também ela sai. 
Que tal musicalizar algumas parlendas? Pode ser bom o resultado e provocar enorme interesse nas crianças. 




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