MACAQUINHO PETELECO
ONDE ESTÁ O RECO-RECO?
Martha Lívia Volpe Orlov
Nesta noite enluarada,
Acontece um
julgamento,
No
profundo da floresta!
A
macacada suspendeu
Sua
festa de arromba.
Só
porque o Teco-Teco
Não
achou seu reco-reco,
Que
emprestou ao amigo,
Macaquinho
Peteleco.
Macaquinho
peteleco,
Onde está o reco-reco?
Peteleco está confuso
E
não acha o reco-reco!
Macaco pra cá!
Macaco pra lá!
No oco da floresta!
A
noite era de samba,
E
acabou em julgamento;
Pois
não é que o Teco-Teco
Acusou
o Peteleco
De
roubar seu reco-reco?
Cada macaco no seu
galho,
Começou o
julgamento!
Gritos Vaias Assobios
Rabadas Chiados Cusparadas
Piparotes Cambalhotas
E a macacada se enreda
Numa grande confusão,
Num enorme barulhão!
Teco-Teco
se entristece.
Emprestou
o reco-reco
Pr’aquela
noite de samba,
Onde
até a madrugada,
Reinaria
a alegria,
Dançaria
e cantaria,
A
macacada animada!
Que confusão agora!
Só porque o Peteleco
Não sabe do reco-reco
Do amigo Teco-Teco.
Peteleco está confuso,
Pois
sumiu o reco-reco,
Acha
mesmo que é feitiço,
Tem
medo de assombração!
Ninguém se conforma!
Mais
parece embromação,
Inda
mais que a noite é linda,
E a
Lua redondinha
Arrepia
a floresta inteira,
Credo,
não acho isto bom!
Lua tão iluminada,
Dava até prá ver o dragão,
São Jorge com a espada na mão!
Peteleco não se explica,
Não
sabe o que aconteceu:
Só
se lembra de uma zonzeira
Quando
a Lua apareceu.
E
quando voltou do susto,
O
reco-reco? Desapareceu.
O
julgamento continua:
A
macacada assanhada,
Toma
partido, interfere,
Aposta,
dá sentença
Pro
infeliz Peteleco
Que
perdeu o reco-reco,
Do
amigo Teco-Teco!
O julgamento não acaba,
Tá na maior confusão,
Já vai alta a madrugada.
Só então a macacada
Percebe
que é noite alta
E a
Lua redonda e brilhante
Passeia
orgulhosa no céu.
De repente tudo pára,
Emudece a floresta inteira.
O que está acontecendo?
Que magia, qual encanto,
Aquietou toda a mata?
Não é que a danada da Lua
Tem
um brilho diferente?
Com
seu natural encanto
Parece
que zomba da gente?
Parece que põe malícia
No seu brilho prateado.
Parece que põe malícia
No seu brilho prateado.
Só então é que pasmada
Verifica
a macacada
Dentro
do branco da Lua
Um
São Jorge diferente:
Na
mão direita do santo,
Carrega
ao invés da lança
O
sumido reco-reco!
Alívio pra macacada:
Não há mais o que julgar,
Pois se São Jorge pegou
O reco-reco emprestado
Deve ter suas razões.
De certo tá muito cansado
De
espetar a velha lança
Nas
costas do velho dragão.
Os
dois devem andar enjoados
Da
briga que não tem fim.
Quem sabe agora a Lua
Vai trocar a briga por samba.
Vai trocar a briga por samba.
Folga
toda a macacada.
Peteleco
é absolvido
De
qualquer acusação!
A macacada se abraça
Na
maior empolgação.
E o
amigo Peteleco
Vai
fazer pro Teco-Teco,
Outro
lindo reco-reco.