sábado, 24 de maio de 2014

A GATA DE ROUPÃO COR DE ROSA



A GATA DE ROUPÃO COR DE ROSA

 

Martha Lívia Volpe Orlov

 

Dedico este livrinho à minha neta Giulia, meu netinho Thomás. e aos meu sobrinhos netos: Daniel, Athos e Tim.

 

À memória das minhas gatinhas

Miloca  e  Maysa

 

A GATA DE ROUPÃO COR DE ROSA

  

Miloca é uma gatinha muito vaidosa, vive em um apartamento de luxo com sua dona, uma senhora idosa e viúva.

 
Todos os dias alisa que alisa carinhosamente seu pelo sedoso, lambe que lambe todo seu corpo, até o rabinho. Passa as patas na cara e deixa bem lânguidos seus olhinhos, verdes com seus lindos cílios longos e curvos.

 
E a cara de “vamp” da Miloca?

 
Depois de toda esta toalete Miloca veste seu roupão de seda cor de rosa enfeitado de rendinhas e se põe à janela esperando as novidades e, quem sabe apareça algum namorado. Mas qual, presa como ela sempre está, cadê namorado...


As novidades aparecem: está gritaria tremenda na rua, gritaria, oba, gritaria de gatos.

 
- O que será que está acontecendo, ai, se eu pudesse sair! Um dia eu fugi, mas foi muito difícil voltar, eu me perdi, fiquei toda suja, minha dona brigou muito comigo...

 
A gritaria continua e Miloca está bastante assanhada pra ver o que acontece naquela rua na qual ela nunca passeia, corre ou bisbilhota. Minutos e minutos, escutando e ficando cada vez mais curiosa.

 
- A campainha está tocando será minha dona, é ela e a vovó Mariana, vou correndo ver se ganho alguma coisa de comer, afinal estou toda bonita, limpinha, vestida com meu roupão de seda que Dona Alice, (ela é minha dona) gosta.

 
- Lá vou eu..... -Já entraram e a porta ficou meio aberta, é hoje...

 
Miloca desabou pela escadaria do prédio, morava no segundo andar, e conseguiu chegar à rua.

 
Mas a gritaria de gatos já havia cessado e Miloca ficou sem saber o que fazer naquela no movimento daquela avenida . De qualquer modo resolveu dar uma voltinha, uma pequena voltinha .....

Reconhecimento do terreno.....


Inesperadamente uma coisa muito estranha caiu na frente dela:

 
- Que será isto, amarelo, grande, gordo, com olhos arregalados, lábios exagerados, não parece gente nem bicho, vou é fugir .... é um monstro, igualzinho aqueles que já vi pela televisão.

 
Mas o monstro veio se arrastando atrás dela, ela não conseguia correr muito por causa do roupão cor de rosa que se enroscava em cada arbusto da calçada.

 
Miloca foi ficando muito, muito assustada, e o monstro sempre correndo atrás dela. Por sorte apareceram gatos de todos os lados, que perceberam a aflição dela.

 
E o monstro sempre atrás dela, quando parou , NOSSA o monstro também parou!!

 
- Que coisa mais esquisita você traz sempre arrastando , disse um grande gato preto, que se chamava Carvão. 

 
- Eu não trago nada, este monstro encarnou em mim, não fala nada, mas me persegue o tempo todo, disse Miloca, tremendo de medo.

 
- Vamos ajudá-la a se libertar dessa coisa, disse um gatinho mais magro, o Biscuí, com cara de fome, todo cinzento.

 
- Isto é que não, replicou Pipoca, uma gata amarela ali do lado. Ela não é da nossa turma, não é do nosso jeito, olha pra ela toda amarrada neste pano cor de rosa. Ela é que se vire, não pertence ao nosso meio. 

- Acho que você está se esquecendo que chegou aqui quase igualzinha e ela. Era muito fricoteira e estava fugindo de casa...

 
- Isto são águas passadas, respondeu Pipoca. Agora eu não sou assim...

 
- Mas quando chegou era e ninguém da turma pediu para ir embora, só porque era diferente. E o gato Melado, então, que não tem rabo, e a gatinha Mimi, branquela, já ouvi os humanos falando que ela, como é mesmo,é albina. Ninguém os mandou embora por serem diferentes de nós.

 
- Ajudem-me, por favor, gritou Miloca, vocês discutindo e o monstro aqui do meu lado me encarando, eu morta de medo, sem saber o que vai acontecer comigo...

- É verdade, falou o gatinho cinzento, o Biscuí, a gatinha sofrendo e vocês discutindo por nada, só implicâncias...

 
- Nossa, nos distraímos com coisinhas sem importância e a gatinha muito aflita pediu nossa ajuda. Como é mesmo que você se chama?


- Me chamo Miloca, mas por favor me AJUDEMMMM.....

 
- Vamos atacar o monstro amarelo, todos juntos, ele não vai poder com todos nós juntos.....  Vamos, vamos, atacar...... 1,2,3,    e.....Biscuí, Mimi, Pipoca, Melado e o gato preto, o Carvão, atacaram o monstro, que nem piou, na primeira unhada desabou fazendo assim: 

 
Fiiiiiiuuuuuummmmm......

 
Desabou como um monte em cima da calçada: afinal era só um boneco de plástico inflável.

Todos desabaram a rir, quando perceberam que tiveram medo de plástico pintado, com cara arreganhada e assustadora, mas cheio de ar:


- Há, há,há,há,ha, cairam todos na gargalhada.


- Mas como ele corria atrás de você.....perguntou Biscuí.
 

Todos foram verificar como era isto, daquele boneco correr atrás de Miloca:
 

- Olhem, verificou Mimi, há um cordão amarrado no boneco e enganchado no roupão cor de rosa.

- E me deu um susto danado, replicou a gatinha. 

 
Rapidamente os gatos desengancharam  o cordão que estava preso no roupão  de Miloca


- Bem, você, e então me deve um presente, acrescentou Mimi, fui eu quem resolveu este caso .

 - Como assim, todos me ajudaram, não só você, Mimi, o que você quer de mim.

 
- Eu quero o roupão cor de rosa.

 
- Isso é que não, disse Pipoca, eu também quero este roupão.

 
- Não posso dar, é presente da minha dona e ela fica triste se eu o perder.

 
- Mas nós QUEREMOS, QUEREMOS e está acabado, acrescentaram Mimi e Pipoca.

 
- Parado aí, chegou berrando o Carvão. Ninguém tem o direito de exigir nada. Ajudamos a Miloca como ajudamos vocês, quando chegaram.

 

- E eram bem diferentes de nós, disse Carvão, assim como Melado. Aqui nos aceitamos como somos.
 

- Só procuramos conviver em harmonia, acrescentou Melado.
 

- Então só tenho a agradecer a vocês todos e espero que fiquemos amigos, disse Miloca.

 
- Ora Miloca, você já faz parte da nossa turma, é nossa amiga, não é não, pessoal?

 
- É. Responderam os gatos, apesar de Mimi e Pipoca, invejosas,não estarem muito contentes, não podiam discordar. Carvão comandava o bandinho e sempre procurava que se dessem bem.

 
- Tenho de voltar para casa, minha dona sofre muito sem mim, ela é idosa e eu faço muita companhia para ela, mas quando der, dou uma escapada para ver vocês, agora meus amigos.

 
- É isso aí, acrescentou Melado, nós bichinhos, somos de utilidade para crianças e idosos, até para alguns adultos...  Aqueles que nos tratam bem. Pena que ninguém ainda me adotou...

 
Nem a mim, responderam em coro os gatinhos!

 
- Mas, não percam a esperança, disse MiLoca. Se eu souber de alguém dou um jeito para que os encontre. Tchau, tchau, queridos amigos.

 
Assim Miloca conseguiu fazer amigos :Carvão, Melado, Pipoca e Mimi.  O Biscuí, o cinzentinho,bem, parece que Miloca também arranjou um namorado!

 
Aprendeu que podia contar com eles porque se respeitavam e respeitavam quem era diferente...

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